sábado, 1 de setembro de 2012

"My Girl" - The Temptations

THE RASCALS - GROOVIN ON A SUNDAY AFTERNOON.wmv

sexta-feira, 17 de agosto de 2012



MARVIN GAYE ETERNAMENTE


Por Fabio Ramos
A carreira de Marvin Gaye - um dos artistas mais talentosos e visionários já lançados pela máquina de hits da Motown - contribuiu e muito para a evolução da chamada black music. O trabalho do cantor redefiniu o soul como uma forma de expressão criativa e, diga-se de passagem, nem um pouco conformista (o impacto da música era amplamente utilizado como um agente transformador da nossa triste realidade social). Talvez o maior mérito de Gaye tenha sido mesmo a notória guinada que ele deu em sua própria trajetória: cansado dos temas amenos abordados em suas primeiras canções, o cantor ousou contestar questões políticas e pessoais através da música. Querendo ou não, o seu ato de liberdade artística acabou inspirando muitos outros a seguirem o mesmo caminho...
Marvin Pentz Gay Jr. - que, assim com Sam Cooke, acrescentou a letra "e" ao seu sobrenome depois de adulto - nasceu em 02 de abril de 1939, em Washington (capital dos EUA). O segundo dos três filhos do senhor Marvin Gay - um pastor ordenado pela conservadora seita cristã "Casa de Deus", que agrega elementos do Judaísmo ortodóxo e impunha rigorosas normas de conduta - começou a cantar na igreja com apenas 3 anos de idade. Não demorou muito tempo para o garoto tornar-se solista do coral. Também se dedicando ao piano e a bateria, a música se transformou numa verdadeira válvula de escape de sua apavorante vida familiar. Durante toda a infância, Gaye apanhava do pai quase que diariamente.
Assim que concluiu o 2º grau, o futuro cantor alistou-se na Aeronáutica e logo foi dispensado. Livre do serviço militar, Gaye retornou à Washington e passou a fazer parte de uma porção de "doo wop groups" (conjuntos amadores de rua) chegando, eventualmente, a integrar os Rainbows; que eram a principal atração local. Com a ajuda do mentor Bo Diddley, o grupo gravou um single para o selo Okeh - "Wyatt Earp" - que chamou a atenção do cantor Harvey Fuqua. Em 1958, Fuqua recruta os rapazes para aquela que seria a última formação do seu conjunto: os Moonglows. Após se transferirem para Chicago, os Moonglows gravam uma série de singles para a Chess (incluindo a canção "Mama Loocie", de 1959). Em uma apresentação na cidade de Detroit, a graciosa extensão vocal de Gaye despertou o interesse do gerente de gravadora Berry Gordy Jr., que persuadiu o cantor a assinar um contrato com o selo Motown em 1961.
Em seu primeiro trabalho para a Motown, como baterista nas gravações do grupo iniciante Smokey Robinson and the Miracles, Marvin conhece Anna Gordy (irmã de Berry) e os dois casam-se no final desse mesmo ano. Seus primeiros singles como artista solo não atingem o sucesso esperado e ele só consegue algum destaque na quarta tentativa - a canção "Stubborn Kind of Fellow - que, em 1962, torna-se um hit de pequenas proporções. Com as próximas duas músicas lançadas (as dançantes "Hitch Hike" e "Can I Get a Witness", de 1963), o cantor alcança o Top 30 das paradas; mas somente com a canção "Pride and Joy", também de 1963, que Gaye consegue colocar uma música sua no Top 10 pela primeira vez. O único problema nessa busca de reconhecimento público era que o seu desejo de tornar-se um cantor de exuberantes baladas românticas corria em direção oposta à expectativa de hits da toda poderosa Motown. Os longos anos de relacionamento entre Gaye e a companhia foram marcados por brigas de ambos os lados; já que as insistentes cobranças da gravadora por produto comercial eram incompatíveis com as suas ambições artísticas.
Ao lado de Mary Wells, ele inicia a famosa série de duetos com o lançamento de "Marvin and Mary Together", em 1964. Este seria o seu primeiro álbum a destacar-se nas paradas, emplacando hits como "Once Upon a Time" e "What's the Matter with You, Baby?" Como artista solo, Gaye continuou a desfrutar de um grande sucesso, colocando 3 músicas no Top 10 das paradas - "Ain't That Peculiar", "I'll Be Doggone" e "How Sweet It Is (To Be Loved by You)" - em 1965. No total, o cantor foi responsável por 39 dos 40 singles de sucesso que a Motown conseguiu; muitos dos quais ele mesmo escreveu e arranjou. Com Kim Weston, a segunda de suas parcerias vocais, Gaye lança no ano seguinte o disco "It Takes Two" e se estabelece como um dos principais artistas na era dos duos.
De qualquer modo, os maiores duetos do cantor aconteceram em parceria com Tammi Terrell e canções como "Ain't No Mountain High Enough", "Your Precious Love" (ambas de 1967), "Ain't Nothing Like the Real Thing" e "You're All I Need to Get By" (ambas de 1968) tornaram-se hits instantâneos. O sucesso da dupla foi interrompido abruptamente em 1967, quando Tammi desmaiou nos braços de Gaye durante uma apresentação em Virginia (EUA). Aquela foi a primeira evidência de um tumor cerebral que encerrou a carreira dela e finalmente a matou em 16 de março de 1970. A doença e a eventual perda da colega deixaram Marvin profundamente pertubado. Ao mesmo tempo em que tudo isso acontecia, ele viu a música "I Heard Through the Grapevine" tornar-se o maior hit da sua carreira em 1968.
Na época, Gaye ainda teve que lidar com uma série de problemas pessoais. O casamento com Anna não ia nada bem, mas o que realmente o incomodava era o fato de considerar o seu trabalho completamente irrelevante em relação às transformações sociais que assolavam a América durante o período. Após colocar mais dois hits no Top 10 em 1969 - as canções "Too Busy Thinking About my Baby" e "That's the Way Love Is" -, ele passou a maior parte de 1970 recluso; reaparecendo no ano seguinte com o auto-produzido "What's Going On". As drásticas mudanças no conteúdo e no estilo do álbum alteraram para sempre a história da black music. Incorporando o jazz e a música clássica com um forte elemento percussivo, essa obra-prima de Gaye sustentava as profundas crenças espirituais do cantor; além de abordar questões como a pobreza e a corrupção policial nas músicas. Entre as principais temáticas do disco, também podemos destacar o conflito no Vietnã, que era uma das maiores preocupações de Gaye.
A ambição e a complexidade de "What's Going On" confudiram Berry Gordy, que inicialmente se recusou a lançar o LP (ele acabou cedendo, embora afirmasse que nunca entendeu o conceito total do álbum). O cantor sentiu-se vingado quando a magnífica faixa-título alcançou o 2º lugar nas paradas em 1971 e as duas canções seguintes - "Mercy Mercy Me" e "Inner City Blues (Make Me Wanna Roller)" - também chegaram ao Top 10. O sucesso comercial do disco garantiu que Gaye continuasse a ter todo o controle sobre seu próprio trabalho e isso ajudou a afrouxar as rédeas de outros artistas da Motown (como é o caso de Stevie Wonder, que também assumiu o controle de seu próprio destino). Mudando novamente a direção, Gaye concorda em compor para o filme "Trouble Man" em 1972 e acaba produzindo uma trilha-sonora basicamente instrumental, que mostrava o seu crescente interesse em jazz. A minimalista faixa-título, que tinha um vocal ocasional, foi mais um sucesso nas paradas.
O erotismo implícito em vários momentos de sua carreira atinge o ponto de ebulição em 1973, com o lançamento de "Let's Get it On". O álbum marcou outra mudança significativa na perspectiva lírica do cantor: agora a temática política dava lugar a uma visão profundamente pessoal de sua vida. A faixa-título chegou ao 1º lugar no Top 10 e o disco se tornou um de seus trabalhos mais bem sucedidos. Gaye se une a Diana Ross e os dois gravam em parceria o álbum de duetos "Marvin and Diana" em 1973. Ele começa a pensar em seu próximo disco solo, "I Want You", mas o divórcio com Anna Gordy consome muito do seu tempo em tribunais. Para compensar a ausência dos estúdios, a Motown lança "Live at the London Palladium", que ainda desovou o single "Got to Give it Up (Pt.1)", último hit do cantor à alcançar o número 1 nas paradas. Ele finalmente se separa de Anna em 1977.
Como resultado do acordo judicial, Gaye foi ordenado a pagar pensão alimentícia. O mais estranho nessa história é que o cantor deveria gravar um novo álbum e que todos os royalties das vendas seriam repassados a sua ex-esposa como pagamento da pensão! O disco de 1978, um LP duplo ironicamente intitulado "Here, My Dear", explorou o relacionamento do casal em detalhes tão íntimos que Anna rapidamente pensou em processá-lo por invasão de privacidade. Nesse meio tempo, Gaye se casou novamente e começou a trabalhar em um novo álbum, "Lover Man", mas descartou o projeto quando o single principal "Ego Tripping Out" - que fazia um contraponto entre o seu lado espiritual e sexual, que o biógrafo David Ritz mais tarde chamou de "alma dividida" do cantor - fracassou nas paradas. O casamento com Janis Hunter começa a desmoronar e ele se afunda nas drogas. Tentando afastar-se de seus demônios pessoais, Gaye se muda para o Havaí.
Problemas com o imposto de renda fazem o cantor fugir para a Bélgica em 1981, onde ele inicia os trabalhos do ambicioso "In Our Lifetime". Este disco profundamente filosófico foi o último lançamento de Gaye pela Motown. O cantor reclamou que o selo editou e remixou todo o material sem o seu consentimento; além de parodiar a arte gráfica original e substituir o título do álbum por um ponto de interrogação na capa. Assinando com a Columbia em 1982, ele acabou se viciando em cocaína e ainda colecionou uma série de histórias de mau comportamento na companhia antes de ressurgir triunfante com "Midnight Love", que o trouxe novamente ao Top 10 com a canção "Sexual Healing". O sucesso do novo álbum coloca Gaye nas alturas e, em 1983, ele faz as pazes com Berry Gordy e aparece num especial de TV que celebrava o aniversário da Motown. Nesse mesmo ano, Gaye canta uma versão toda pessoal de "Star-Spangled Banner" no All-Star Game da NBA, que rapidamente se tornou uma das interpretações mais controversas e lendárias do hino nacional americano. Esta também seria a sua última aparição pública.
A dependência da cocaína aumentava a cada dia. Numa tentativa de recuperar o controle de sua vida, o cantor volta aos EUA e instala-se com sua família em Los Angeles. Tragicamente, o retorno ao lar acelerou a depressão que ele sentia. As brigas com seu pai eram constantes e Gaye ameaçou se suicidar uma porção de vezes. Finalmente, na manha do dia 1º de abril de 1984 - um dia antes do seu aniversário de 45 anos - o cantor é baleado e morto pelo Reverendo Marvin Gay, em consequência de uma acalorada discussão. Com a notícia da sua morte, a Motown e a Columbia se juntam e lançam duas coleções de out-takes: "Dream of a Lifetime" (uma compilação com baladas espirituais e músicas eróticas) e o inspirado "Romantically Yours" (uma série de baladas que levaram 12 anos para serem finalizadas e só viram lançamento em 1996). O trabalho de Gaye passou a ser reavaliado após a sua morte e "What's Going On" acabou sendo considerado por muitos críticos como um marco na história da música pop. A indicação de Marvin Gaye ao "Rock and Roll Hall of Fame" só serviu para reafirmar o quanto a obra do cantor continua viva e influente na mente de todos nós.
DISCOGRAFIA:
- The Soulful Moods of Marvin Gaye (1961)
- On Stage (1963)
- That Stubborn Kind of Fellow (1963)
- Tribute to Nat King Cole (1964)
- Hello Broadway (1964)
- Marvin and Mary Together (1964)
- Greatest Hits (1964)
- When I'm Alone I Cry (1964)
- How Sweet It Is (1965)
- It Takes Two (1966)
- Moods of (1966)
- Greatest Hits, vol. 2 (1967)
- United (1967)
- In the Groove (1968)
- You're All I Need to Get By (1968)
- Easy (1969)
- Marvin Gaye & His Girls (1969)
- M.P.G. (1969)
- Marvin Gaye & Tammi Terrell's Greatest Hits (1970)
- That's the Way Love Is (1970)
- What's Going On (1971)
- Trouble Man (1972)
- Let's Get it On (1973)
- Marvin and Diana (1973)
- Anthology (1974)
- Live! (1974)
- I Want You (1976)
- Live at the London Palladium (1977)
- Here, My Dear (1978)
- In Our Lifetime (1981)
- Midnight Love (1982)
- Dream of a Lifetime (1984)
- Romantically Yours (1996)
- The Very Best of Marvin Gaye (2001)
* adaptado do texto original em inglês no site VH1.com


Fonte: Marvin Gaye - Matérias e Biografias http://whiplash.net/materias/biografias/039045-marvingaye.html#ixzz23qhABOuy



LETS GET ON
http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&v=3j3okb3kuts&NR=1

terça-feira, 17 de julho de 2012



A Tábua de Esmeralda é o décimo primeiro álbum do cantor brasileiro Jorge Ben. Foi lançado em LP em 1974.
Depois da coletânea Dez Anos Depois, Jorge iniciou uma nova fase que ele chama de alquimia musical. Considerando-se um novo adepto da alquimia, ele diz o que norteou a criação no seu último LP A Tábua de Esmeralda
A maioria das músicas são alquímicas, mas sempre pela filosofia musical. Eu pretendo que a minha música traga paz de espírito e tranqüilidade para quem a escuta
Sem mudanças no ritmo, apenas com algumas alterações nas divisões para acompanhar as extensas letras retiradas de grandes textos alquímicos. Os arranjos tem efeitos espaciais complementando o clima cósmico de muitas das músicas, especialmente em "Errare Humanun Est", onde, segundo Jorge...
procuro mostrar se eram os deuses astronautas ou não. É quase uma mecânica celeste
Toda a apresentação gráfica do disco acompanha os motivos principais das músicas. E foi nas figuras que Nicolas Flamel encontrou em um livro da Abrahão que foi baseada na capa do LP. Esta nova face do trabalho de Jorge Ben remete às coisas celestes, mas não esquece as coisas simples. Em "Eu Vou Torcer" fala da paz, da alegria, do amor, do inverno, do verão, da agricultura celeste e do maior teólogo cristão, no entender de Jorge: São Thomas de Aquino.
Parto das coisas mais sérias até às mais simples, como o meu time de futebol, porque todas elas tem muita importância e motivo de existirem"
Uma estranha parceria se estabelece na faixa "Hermes Trimegisto e Sua Celeste Tábua de Esmeralda", Jorge Ben e o faraó egípcio Hermes Trismegisto, que teve os seus textos traduzidos pelo alquimista contemporâneo Fulcanelli. Hermes era chamado de "Três Vezes O Grande" e seus escritos foram encontrados pelos soldados de Alexandre da Macedônia na Pirâmide de Gizé, grifados com uma ponta de diamante numa lâmina de esmeralda. Várias traduções foram feitas sobre este tratado, e a de Fulcanelli foi considerada a melhor delas.
Entre os vários idiomas em que pode ser encontrado o texto, está o português arcaico, que é a utilizada por Jorge Ben. Aliás, ele procurou fazer poucas variações para não tirar a beleza do texto, e conclui:
Tenho muito respeito e admiração pelo trabalho de um alquimista, pois ele dedica toda a sua vida a estudar e procurar com uma fé e perseverança não comparável a coisa alguma. Desde o LP As Rosas Eram Todas Amarelas já há o reflexo do estudo e da tentativa de aplicar tudo isto à minha música. Pessoalmente houve uma grande mudança em minha vida e eu me sinto profundamente satisfeito comigo mesmo. Os textos alquímicos são complicadíssimos, mas eu os vou interpretando de acordo com a minha compreensão, sentimento e bem estar
Na faixa "O Homem Da Gravata Florida", Jorge homenageia Paracelso, um grande alquimista, e em "Estão Chegando Os Alquinistas", a dedicatória é para todos os filósofos herméticos.


Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em: Veículo: Estado do Paraná Caderno ou Suplemento: Nenhum Coluna ou Seção: Jornal do Espetáculo Página: 74 Data: 9 de junho de 1974

Os alquimistas

http://www.youtube.com/watch?v=jSP8vs79vTQ

errare humanum est

http://www.youtube.com/watch?v=p7cTTKkMgT8